sexta-feira, 8 de maio de 2009

Virada Mental















Amigos que não encontramos há tempos, catracas de trens subterrâneos e bons livros dentre milhões de títulos espalhados, como universos enfileirados de infinita sabedoria humana. E aquele juiz então? Se soubesse teria dado um “peteleco” na orelha do “filho de uma boa mãe” só para não errar mais um lance se quer. Com direito a ver o sobrinho de Tim Maia, estive em uma cafeteria “Cult”, daquelas que dá vontade de amarrar uma blusa no pescoço, usar óculos e decifrar com amigos as mais diversas ciências filosóficas e contemporâneas.


- Agradecido pelo café...


De Haydn ao candomblé vivencie uma tarde agradável contemplando a sinestesia musical dos olhos verdes que me fitavam às vezes longe e outras perto, com uma harmonia de invejar qualquer público de orquestra. Percebe-se que esse tipo de concerto é para seletos e quem nem todos estão preparados para senti-lo na sua mais formosa essência. Podem me chamar de exagerado, mas eu sou poeta. Acredito ter licença para tal afirmação.


- Escute essa, você vai gostar. É Haydn.


Hospedei-me em uma singela casa que preza o diálogo em vez de uma opinião terceirizada de mundo. Nunca me senti tão bem em um lugar. Chorinho e pessoas que valem à pena. Informações gostosas como o sabor de uma tremenda feijoada (não esquecendo do arroz que estava ótimo) acrescentava o ambiente encenando a vida de jovens em busca do crescimento interior.


- Vixi...acabou o arroz!


De mão dada, chego à virada da grande noite cultural de São Paulo. Diversidade que não falta. Punks, cabelos de pica-pau, mauricinho, manos, intelectuais, Blackpowers e outras minorias que eram a maioria no espetáculo a céu aberto. Ainda tento entender essas tribos que figurava a paisagem, mas para que? Cada um é um universo mesmo. Ensaios tímidos de samba rock rolaram em um dos palcos, mas o máximo que conseguimos foi uma cotovelada na cabeça.


-Vem aqui. Deixa eu dar um beijo e um cafuné que logo passa!


Se nós tivéssemos nos preparado para a maratona de São Paulo com certeza ganharíamos. Não vimos nenhum show inteiro, mas vimos o show da vida. Apesar de ter nome de chá, não vi nenhum pesinho plantado lá. O único plantio que me deparei foi das palavras doces e sinceras que ecoaram em minha mente como uma brisa campestre resultante do carinho e amor que ela tem por quem ama. Nunca vi tanta caridade. Sentia-me osculado mentalmente. Tirei grandes lições naquela noite fria de São Paulo. Quanto mais a escutava, mais sentia no peito um calor latente de felicidade e respeito por quem a cada dia desses 27 anos estou aprendendo a amar cada vez mais. Aprendi com ela o sentido da “greve”. Aprendi o que é qualidade, o que é caráter, o que é beijar quem a gente gosta. Até caipirice é legal. Podia voltar na moda.


- Não se mexe. Quero tirar uma foto sua no ângulo que estou imaginando.


No final de um passeio às vezes nos dá incertezas, medos e receios. Mas a partir do momento que cultivamos, mesmo que 1 segundo de felicidade, ela nos domina e faz pensar no que realmente queremos para si mesmos. Tenho em minha mente todos os ângulos possíveis. Gravei cada segundo de uma fotografia egoísta que só eu posso vê-la e saber o significado daqueles olhos verdes. O bom é que com essa imagem, ficou o perfume suave de quem não precisa terceirizar o aroma gostoso e afrodisíaco. E com abraços fortes e beijos sinceros, despeço-me de mais uma virada da minha vida da qual gravarei enternecido em todos os dias da minha vida.


- Acorde André! A vida continua oferecendo outras oportunidades...


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