
Na formosa juventude da vida física
Deparei-me com a vida despretensiosa e fútil
Levando-me as verdadeiras muralhas impenetráveis
Evidenciadas pela falta de sublimidade
Desafetos, enfermidades e selvageria
Idéias precipitadas no escuro imenso
Desgraças incontáveis mutilaram a existência
Dilacerando amores e amizades de outrora
Sensações amargas me assolam
Idéias tempestuosas me dominam
Meus traços se enfurecem
Os dentes se enrijecem
E o cenário da vida fecha as cortinas
Não há mais público, luz ou qualquer ovação
A escuridão domina minha mínima centelha
Sinto-me uma desgarrada ovelha
A cegueira me consome as raízes
O esquecimento me apavora
Vultos impiedosos zombam de minha carcaça
Pestes e vermes intensificam meu sofrimento
Caminho pela escuridão arrepiante
A viscosidade do chão me detém
Ajoelho-me em pranto avassalador
Gritando pelos amados esquecidos
Procuro iluminar meus pensamentos
Clarear minhas idéias
Enxergar as lembranças distorcidas
Meu Deus! Onde estão minhas lembranças!
Um grito forte ecoa de minha febril garganta
O som se propaga pela imensa cratera
Arrumei energias que não eram de mim
Propagando o som de lamento profundo
Flocos de Luz pairaram em minha fronte
Pontos Luminosos surgiram aos redores inóspitos
Claridades nunca vistas antes me envolveram
Séculos de pesadelo insofismáveis se encerraram
Senti a leveza da levitação
Seres de luz me carregaram ao alto
Sensações de plenitude me envolveram
Um sono profundo me anestesia
Pai, mãe, filhos e queridos amigos...
Os Amores da eternidade me resgataram
Eternidades jamais esquecidas por vós
Lutaram vidas para me trazerem aos seus dias
Tocando os hinos de amor em seus corações
Nunca me abandonaram
Buscaram-me no buraco mais profundo
Esperando meu regresso a verdadeira vida
Para caminharmos a outras moradas de progresso